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Amar quem não merece!

Imagine um grupo de pessoas que moram numa caverna há muitos anos. Gente que nasce, cresce e morre dentro desse local. Passam-se gerações e gerações. Eles estão presos por correntes e algemas e não podem sair de jeito nenhum. Ficam, ali, praticamente com apenas um ângulo de visão. A luz que passa lá fora vem de uma fogueira que ilumina uma parte da caverna, projetando a sombra das pessoas que passam por trás de um muro fora da caverna. Alguns carregam vasos, outros passam, naturalmente, e deixam suas sombras. Eles nunca viram as pessoas e os objetos de verdade, por isso, pensam que as sombras são as próprias coisas. Tudo lhes parece muito real e vindo daquelas sombras. Não imaginam que exista a realidade, a fogueira, o muro, as pessoas e os objetos reais. Vivem como se tudo o que vêem fosse, de fato, a única coisa que existe.
Triste vida! Você pode estar pensando: "Esses homens presos na caverna não poderiam dar nem ao menos uma escapadinha para conhecer o mundo real?"
Esse é exatamente o questionamento que o filósofo Platão fez! Se alguém libertasse um dos prisioneiros, o que aconteceria? Ele sairia da caverna e teria de aprender a enxergar a verdade, que é como o sol. Experimentaria o mundo de verdade e ainda que a indignação de ter ficado durante anos dentro da caverna fosse forte, ele quereria mostrar aos outros a maravilha que conheceu. Infelizmente, os que o ouviriam, não acreditariam e zombariam dele.
Diriam que enlouqueceu, porque saiu da caverna e que não valeria a pena sair daquele lugar tão seguro e real.
Em nossas vidas também acontece isso. Criamos algumas "cavernas" para fugir da realidade e acabamos esquecendo que o mundo existe. Esse mito grego tem muito a nos dizer...
Como os homens da "Alegoria da Caverna", de Platão, temos de perceber quando nossa maneira de enxergar o mundo está embaçada, fechada, alienada. De fato, só quando saímos de nosso "mundinho", de nosso minúsculo círculo de amizades, e partimos para enxergá-lo de um jeito diferente, é que conseguimos valorizar o diferente, a beleza da natureza, a força de um amor verdadeiro e a incrível mudança que pode ocorrer nele, se em vez de julgar o outro, o amamos e o vemos além das "sombras" e aparências. Em nossa vida, temos de optar pela verdade, só assim sairemos da "caverna"!
A frase de Carlos Drummond de Andrade é um alerta diante do que estamos refletindo aqui: "A verdade é sempre vista conforme nossos caprichos, ilusões e miopias!"
Precisamos ter a coragem de ver a verdade, ainda que nos arda os olhos, ainda que as pessoas digam que não vale a pena. Não podemos desistir dos sonhos porque não recebemos a aprovação de algumas pessoas. Muitas vezes, nós também não queremos sair da "caverna", nos acostumamos a não pensar, a não criticar e preferimos ficar calados e acomodados. Precisamos acordar para a realidade! Não deixar que as sombras das opiniões impostas nos impeçam de ver o mundo de verdade. Eu sou apaixonado pela Filosofia. E sei que cada um de nós é um poquinho filósofo, toda vez que se aproxima da sabedoria, para ser amigo dela. Filósofo é aquele que se liberta das algemas, sai da "caverna" e encontra o sol. O Sol, que é a Verdade, tem um nome: JESUS.
É a luz de Deus que ilumina a nossa razão. É a fé, que de mãos dadas com a razão, nos arranca a venda dos olhos e nos convida a sair da "caverna" dos próprios medos, sombras e ilusões, para que enxerguemos o mundo com outros olhos. Nossa fé pode nos tirar de lá [caverna] e nos despertar para a realidade, mas se você vivê-la de uma maneira alienada, ela pode fazê-lo acreditar que a "caverna da alienação" é o local melhor para se viver. E, ali, com suas regrinhas, com seu modo de se fazer de "santinho", permanecerá isolado, e aparentemente, realizado na contemplação de seu mundo de leis, compromissos e sombras. Visão deturpada da fé! O amor de Deus não prende. Amor que prende é amor doente. Quando acordamos para o Deus que ama e que nos abraça, experimentamos o amor que cura, que é sadio, nunca doentio, este é o amor que nos aceita, mesmo que não sejamos merecedores. E a loucura do amor cristão é exatamente essa: amar quem não merece!
Deus me ama, para que eu seja livre!
Deus me ama, para que eu seja mais autêntico!
Deus me ama, para que eu seja realmente feliz!
Queria muito que você escrevesse essas frases em algum lugar que possa ver todos os dias (caderno, bíblia, geladeira, espelho, etc...). E diante delas, lembre-se de que a fé, se for vivida de maneira equilibrada, e com a luz de Deus, nunca levará você para uma vida de escravidão dentro da "caverna". Ela vai arrancá-lo de lá para que você viva a realidade desse mundo. E uma vez que estamos nele, nossa fé nos impulsiona a ser SAL, FERMENTO E LUZ! Eu não desprezo o mundo, quero transformá-lo! E você? O que a religião tem feito com você? A maneira como você vive a fé, tira-o da "caverna" ou o aprisiona dentro dela?


Autor: Diego Fernandes


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